15 de out. de 2011

Lembranças da Aldeia de Barueri

Lembranças da Aldeia de Barueri: infância quase toda vivida em balcão de boteco familiar lembra mundo bizarro do filme Peixe Grande do TIM Burton, selecionei alguns dos personagens:

Bastião torto: velho que sofreu derrame e trabalhava como jardineiro.

Home do saco: andava pelo bairro carregando enorme saco de estopa, outro atemorizador de criancinhas.

Pirolau: o maior bêbado do pedaço. Em jogo da seleção tomou um belo de um tapa na fuça do meu pai e continuou rindo sem graça.

Bitelo: anão que quando via uma mulher bonita gritava: ô bitelo ou ô bitela!
 
Gentil: senhor de família que bebia até cair. Várias vezes teve que ser em carrinho de mão para casa, sem contar dias em que a água da chuva o levava até a calçada e ficava ali boiando semi-desmaiado de tanta cachaça!

Cá: negro forte que fazia serviços gerais, como carpir mato, servente de pedreiro em troca de garrafas de pinga. Morreu ao cair de caminhão da prefeitura.

Bodão: jovem vagabundo que estudou comigo. Me fez dar doces e salgados por um ano, ameaçando dizer para minha mãe que eu havia escrito uma cartinha erótica a uma colega de classe (eu tinha uns 12 anos a época).

Loira cega: mulher que uma vez por semana andava pelo bairro e tinha roupa puxada por crianças, que andando em volta dela faziam a festa.

Tiuill: bebum profissional cujo apelido era sinônimo de mentira.

Jacaré: homem que mexia a orelha para horror das crianças do bairro.

Djanira e Carlos: mulher que tinha muitos gatos e seu namorado que viviam bêbados, promovendo verdadeiros shows em praça pública quando brigavam.

A vida era muito divertida.
Ao mesmo tempo, a vida na periferia da periferia era marcada pelos sinais do preconceito, pobreza e vícios.

Um comentário:

Valery disse...

Meu pai mexia uma das orelhas e meu irmão ainda mexe..mas apesar de morar na periferia não me lembro de outras bizarrices..vou procurar em meu arquivo mental..Se bem que viver dentro de um bar deve mesmo trazer experiências únicas..rsrsrs..