8 de mai. de 2013

Eu vi o fim do que já não existe mais


Ao mesmo tempo em que estamos em uma era de alta tecnologia, grandes conglomerados de consumo e comunicação e contatos instantâneos com pessoas e instituições possíveis através de um clique, há um movimento de substituição de antigas estruturas, serviços e tudo o mais.

Em tempos líquidos (termo retirado do onipresente Zygmund Bauman), o novo surge e destrona o velho com extrema velocidade. O que era verdade já não vale nada, pois não há mais verdades. É  tempo de extrema burrice e extremo avanço. 

Até quando será assim não sei, mas o que sei é o que vejo. 
E nestes dias eu vi:


Eu vi o fim dos serviços de entrega de produtos de limpeza em domicílio.

Hoje, terça-feira, dia 08 de maio de 2013, depois de anos vi um daqueles caminhões cheios de cândida, cloro, desinfetantes, vassouras e rodos.

Em cidades grandes como São Paulo, tudo se compra nos mega-hiper-supermercados e quem trabalha com esses caminhões está fadado a ficar desempregado e virar repositor de produtos nas grandes redes.


Também vi o fim das locadoras de vídeo.

Talvez a última locadora do bairro seja esta que visitei no último Domingo à tarde. A tristeza do ambiente e os últimos discos à venda no saldão trouxeram aquele sentimento de saudades ao peito. Saudade do primeiro aparelho VHS, do primeiro DVD-Player e também, vergonha, do primeiro filme pornô erótico que assisti na casa de um amigo quando morava na Aldeia de Barueri. O amigo era o cara, pois foi o primeiro a ter algo do tipo em casa.

Com o advento da Internet, do barateamento (falso, muito falso!) da TV a cabo e da facilidade de cópias de DVD's que ocasionou o surgimento de redes de bancas de CD's e DVD's pirateados aos poucos as locadoras deixaram de ser um dos centros privilegiados de entretenimento.

Ficam as dicas aos saudosos:
- para matar a saudade do velho VHS vale a pena assistir o filme "Rebobine, por favor". É só baixar o Torrent! risos.

- se estiver em São Paulo, não deixe de passar em uma das últimas redes de locadoras ainda bem das pernas.
Trata-se da 2001 Vídeo (http://www.2001video.com.br/midia/lojas.asp). A loja mais legal fica na Avenida Paulista.



Por último, eu vi o fim do reinados dos grandes galpões dos antigos bairros operários de São Paulo. Muito de fala dos galpões da Lapa, Brás e até da Vila Leopoldina, mas aqui no Jaguaré, de onde escrevo dia após dia vejo um deles ser derrubado para construção das onipresentes e cada vez mais altas torres residenciais (e agora comerciais).

Um dos últimos galpões é o desta foto onde aparece um dos prédios administrativos da falida Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC).
Hoje, o negócio se transformou em um modorrento estacionamento, por sinal, é o estacionamento em cuja placa de divulgação além de vagas para carros, caminhões e ônibus também podem estacionar aviões!
Dizem que nesse terreno enorme será construído um novo Shopping Center. Mas acho que não vingará, pois atrás do terreno se encontra a favela Nova Jaguaré.
Bom seria se o terreno fosse desapropriado e reurbanizado com a criação de lotes de vários tamanhos para a construção da vila CAC e não mais um monte de prédios da CDHU, COHAB ou das grandes incorporadoras paulistas.

É.... Continuo sonhando, acho que não sou deste tempo ou lugar.....




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